NEUROCIÊNCIA E COACHING

  Por Beatriz Alves

A compreensão do funcionamento cerebral é fundamental no processo de coaching. Ao entender o impacto das emoções, percepções e aprendizagem no comportamento, o Coach conduz com maior assertividade o processo associando metodologias para ressignificação de valores e crenças limitantes que impedem o coachee (cliente) de mudar seus pensamentos e suas atitudes e consequentemente de alcançar seus objetivos.

A neuropsicóloga e pesquisadora Regina Migliori, autora do livro “Neurociência e Educação”, afirma que nos últimos 20 anos, todas as neurociências apontaram diferentes formas de desenvolver nossas potencialidades, como na escola, nos ambientes de trabalho e esportivo. No treinamento dos atletas, por exemplo, há toda uma área específica para treinar os níveis de atenção, percepção de cada aspecto da musculatura, por exemplo.

Para a autora, “muito se fala de processos específicos do nosso cérebro e para nossas inteligências, mas isso tem um espectro muito mais amplo. Mas as práticas de meditação, por exemplo, melhoram os nossos níveis de consciência e de responsabilidade”. Segundo Migliori, o cérebro que vemos hoje, através de exames de imagem, nos mostra que ele trabalha de forma sistemática, com áreas diferentes envolvidas em um mesmo processamento. Ela ainda salienta que a memória somente é registrada quando emocionalmente relevante; isto é, o cérebro registra melhor as informações quando elas têm algum significado ou propósito.

Ramon M. Cosenza e Leonor B. Guerra, médicos e doutores em Ciência do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) “, afirmam no livro Neurociência e Educação: Como o Cérebro Aprende“Podemos simplesmente decorar uma nova informação, mas o registro se tornará mais forte se procurarmos criar ativamente vínculos e relações daquele conteúdo com o que já está armazenado em nosso arquivo de conhecimentos”.

No coaching trabalha-se focado no significado de cada ação de forma a conduzir o coachee à clareza não somente dos passos para alcançar seus objetivos quanto ao legado que pretende deixar.

Devido a plasticidade cerebral, o cérebro se modifica em contato com o meio durante toda a vida; ou seja, a quantidade de neurônios e as conexões entre eles (sinapses) mudam dependendo das experiências pelas quais se passa. A interferência do ambiente no sistema nervoso causa mudanças anatômicas e funcionais no cérebro. Por isto, no coaching, o contexto em que o indivíduo está inserido é visto como fonte de oportunidades que podem ser utilizadas a favor do coachee. O processo envolve um autoconhecimento profundo e é essencialmente vivencial, com aplicações práticas, no dia a dia do coachee.

Estudos comprovam que a prática da meditação mindfulness (atenção plena) beneficia o cérebro. Nesta meditação toda a atenção é focada no que estamos vivendo e sentindo naquele momento, sem julgamentos. Ela é benéfica para a saúde e mente por promover a redução de estresse. Na pessoa estressada, a atividade no córtex pré-frontal (área do cérebro responsável pelo pensamento consciente e planejamento) diminui, enquanto a atividade na amígdala, no hipotálamo, e no cíngulo anterior do córtex – regiões que ativam respostas ao stress – aumentam. A meditação mindfulness inverte esses padrões: ela aumenta a atividade pré-frontal, o que pode regular e “desligar” a resposta biológica ao stress. Isso torna possível reduzir o risco e a gravidade de doenças ligadas a essas respostas, como depressão e problemas do coração. Esta prática é muito utilizada como aliada no processo de coaching ao proporcionar uma diminuição da ansiedade e do estresse, bem como tornar o coachee mais consciente e focado.

Suzana Herculano-Houzel, enumera as seguintes atitudes saudáveis para o cérebro:

1 – Cuide bem da saúde física;

2 – Identifique e cultive seus prazeres;

3 – Ouça suas emoções;

4 – Sorria e busque felicidade;

5 – Saiba a diferença entre tristeza e depressão;

6 – Tenha uma atitude positiva;

7 – Tire proveito do estresse agudo;

8 – Aprenda a lidar com a ansiedade;

9 – Combata o estresse crônico;

10 – Faça exercícios físicos regularmente;

11 – Durma bem e bastante;

12 – Eduque-se e assuma responsabilidades;

13 – Cultive seus relacionamentos;

14 – Busque e ofereça carinho;

15 – Encontre um propósito de vida.

Portanto, para que o coachee diminua as interferências no seu processo de mudança é imprescindível que ele entenda o papel das emoções, do ambiente, das crenças, dos valores e da motivação no seu comportamento. À luz da neurociência o processo de coaching torna-se mais fluido e eficaz para o desenvolvimento de toda sua potencialidade.

Fontes:

Fique de bem com seu cérebro. Suzana Herculano-Houzel;

Neurociência e Educação: Como o Cérebro Aprende. Ramon M. Cosenza e Leonor B. Guerra;

Nova Escola: “Neurociência: como ela ajuda a entender a aprendizagem”: <https://novaescola.org.br/conteudo/217/neurociencia-aprendizagem>;

Revista Bem-Estar; São José do Rio Preto, 16 de fevereiro de 2014;

Super Interessante: “Estudo mostra como meditação Mindfulness beneficia o cérebro”: <http://super.abril.com.br/blog/como-pessoas-funcionam/estudo-mostra-como-meditacao-mindfulness-beneficia-o-cerebro/>

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