
O cooperativismo, existente há mais de 170 anos, é considerado uma filosofia de vida para quem o pratica, pois objetiva a necessidade do grupo e não o lucro. Ética, solidariedade, liberdade e gestão democrática em prol de interesses comuns são o alicerce das organizações cooperativistas.

Por meio das cooperativas, os produtos e serviços dos associados são ofertados ao mercado, de forma muito mais vantajosa do que se o fossem individualmente. Importante salientar que além de trazerem benefícios para os associados, as cooperativas contribuem para o desenvolvimento sócio econômico da comunidade.

Contudo, este modelo de negócios ainda é pouco conhecido por boa parte da população. Conforme a OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras, o cooperativismo está presente em mais de 100 países e gera mais de 250 mil empregos. No mundo, de cada 7 pessoas 1 é cooperada. São 2,6 milhões de cooperativas que congregam 1 bilhão de pessoas.
O Dia Internacional do Cooperativismo foi instituído em 1923 no Congresso da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), sendo a partir de então comemorado no primeiro sábado de julho de cada ano.

De acordo com a Lei n° 5764, “as cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados”.
Confira, segundo a OCB/SESCOOP, as principais diferenças entre cooperativas e empresas mercantis:

As cooperativas são classificadas em ramos, de acordo com o segmento onde atuam: agropecuário, infraestrutura, crédito, consumo, educacional, especial, saúde, habitacional, turismo e lazer, trabalho, transporte e mineral.

Desde 1844, data da fundação da “Rochdale Quitable Pioneers Society Limited” primeira cooperativa da história, foram estabelecidos sete princípios do cooperativismo:
- Adesão voluntária e livre: portas abertas para a participação de qualquer pessoa que esteja alinhada ao objetivo econômico e disposta assumir, como membro, suas responsabilidades.
- Gestão democrática: o controle é democrático; todos os membros participam ativamente na formulação de suas políticas e na tomada de decisões. Os representantes são eleitos por todos os associados.
- Participação econômica dos membros: todos contribuem equitativamente, para o capital da cooperativa. As sobras (ou excedentes) são distribuídas proporcionalmente às transações.
- Autonomia e independência: como organização autônoma, as cooperativas sempre são controladas, democraticamente, por seus membros.
- Educação, formação e informação: a promoção da educação e formação dos associados e trabalhadores é fundamental para o desenvolvimento da organização. A disseminação da importância do cooperativismo ao público em geral também contribui para a adesão de novos cooperados.
- Intercooperação: a atuação em conjunto gera o fortalecimento do movimento cooperativista e proporciona maior benefício aos cooperados.
- Interesse pela comunidade: o foco das cooperativas é o desenvolvimento sustentável das comunidades em que estão inseridas.

Conheça a história dos pioneiros de Rochdale: https://www.youtube.com/watch?time_continue=6&v=L-oXL6g00Og

Valores do Cooperativismo:
Os valores cooperativistas precedem aos princípios e norteiam os comportamentos dos cooperados. De acordo com Irion, “valores são experiências morais, de caráter permanente que se constituem no arcabouço do pensamento e da conduta dos cooperativistas”. A interação entre valores e princípios é a base doutrinária que fundamenta o cooperativismo.
- Solidariedade: o apoio mútuo é essencial para a existência e fortalecimento da cooperação entre os membros da cooperativa.
- Liberdade: permite a adesão por livre e espontânea vontade, bem como sua exclusão, quando lhe for conveniente. As regras de conduta definidas pelos membros e que visam o bem comum, tornam a liberdade relativa, limitada às mesmas.
- Democracia: todos os associados têm direito de opinião, participação em todas as reuniões e oportunidade de exercer funções diretivas. Não deve haver distinção entre as pessoas, grupos de interesse ou figuras de poder.
- Justiça social: educação, qualidade de vida e oportunidade de trabalho proporcionam o desenvolvimento e realização das pessoas.
- Equidade: direito igual para todos os membros participarem da organização e se beneficiarem dos benefícios resultantes.
Segundo Irion, a equidade pode ser examinada por três vertentes:
a) associativa: direitos e deveres iguais para todos os sócios;
b) econômica: distribuição dos resultados proporcional à participação do associado nos negócios,
c) social: obriga a cooperativa a assistir aos associados sem discriminação.
. Participação: como sócios da organização, os cooperados possuem direito e dever à participação ativa, na gestão e tomada de decisão, visando o desenvolvimento e sucesso organizacional.
. Universalidade: A união de todos é a base da cooperação universal, onde inexiste distinção de classe, raça, cor ou religião. O valor está, não em ações individuais, mas no trabalho coletivo que visem os objetivos de interesse universal.
. Honestidade: os pioneiros do cooperativismo já salientavam a importância deste valor para a sociedade. A prática de relações éticas possibilita às cooperativas maior credibilidade perante à sociedade e relações mais transparentes e saudáveis interna e externamente à organização.

Concluindo, o cooperativismo gera desenvolvimento sócio econômico e bem-estar social a partir de princípios e valores que são compartilhados pelos associados e que visam a justiça social, a equidade e o crescimento sustentável da comunidade em que a cooperativa está inserida. Pessoas que se unem para construir um mundo melhor, mais próspero e equalitário.
Fontes:
BRASIL. Leis, Decretos. Lei cooperativista n. 5.764 de 16/12/1971. Brasil: Incra, 1971
IRION, J. E. Oa. Cooperativismo e economia social. São Paulo, STS, 1997.
OCB – O que é cooperativismo. Disponível em: <http://www.ocb.org.br/o-que-e-cooperativismo> Acesso em 22/06/18.
OCB/SESCOOP – Cooperativismo – Primeiras Lições. Disponível em: < http://www.ocbmt.coop.br/TNX/storage/webdisco/2009/12/28/outros/f2acdd6df5f27518fd2c908db92a1275.pdf>. Acesso em 25/06/18.